Por quê um e não o outro? Ou ambos? São incompatíveis? São complementares? São mutuamente excludentes?
Vamos lá.
O Lean existe há muito tempo, já. Oficialmente desde 1937 com o Just-In-Time. Ficou conhecido nos Estados Unidos na década de 1970, na crise do petróleo.
Eu conheci e comecei a praticar o Lean em 1994 em uma empresa ocidental. Esta é a época de lançamento do livro “A Máquina que Mudou o Mundo” (1992), que muitos de vocês já devem ter lido também. Na época, eu a li e fiquei incrédulo. Fiquei assombrado fazendo parte da transformação, sujando as mãos no chão de fábrica, todos juntos. Aquilo funcionava mesmo!!!
No Brasil, eram ainda muito poucas as empresas que haviam iniciado a trilha do Lean com o suporte de SENSEIs. Foi um choque cultural tremendo, ao mesmo tempo um privilégio ter tido aquela experiência. Lean já tinha 57 anos de história.
Desde então, muitos esforços foram feitos pelas empresas em trilhar o caminho Lean. A empresa onde eu trabalhei também. Os primeiros resultados foram expressivos. 50% de aumento de eficiência eram obtidos para o espanto de todos. Então ocorreu o que deve ter ocorrido na Toyota também. Os ganhos foram reduzindo, 30%, 10%, 5% e então as empresas passaram a questionar se valeria a pena continuar a trilhando o caminho.
Hoje então, aos 82 anos, para muitos o Lean teve o seu momento, já é um assunto do passado. O futuro da manufatura pertence às máquinas e aos recursos modernos da tecnologia da informação, como internet das coisas, inteligência artificial.
A Indústria 4.0, está vindo com tudo, anunciando uma revolução tecnológica na forma de manufaturar (fabricar), modificando os postos de trabalho tradicionais, desde o chão de fábrica até a gestão da mesma. Quem não estiver atualizado estará fadado ao ostracismo.
Mas sou também testemunha privilegiada do que a Toyota fez durante esses anos. Continuou com o seu sistema de gestão, evoluindo consistentemente. Os investimentos feitos foram em KAIZENs levantados e sugeridos pelos seus colaboradores.
Como estão se preparando para o futuro? Encorajando os colaboradores a continuarem fazer KAIZEN e fazendo propostas de caminhos para esse futuro. Palavras do Vice-Presidente Executivo Sr. Mitsuru Kawai da Toyota Motor Corporation: “se você ensinar um robô uma tarefa, ele é capaz de repetir essa tarefa 10 vezes, 20 vezes, incansavelmente. Mas para fazer esse robô trabalhar melhor, é necessário alguém que saiba trabalhar melhor, que saiba fazer KAIZEN e implementar melhorias nos detalhes. Um robô sozinho não consegue fazer isto. Depende sempre do ser humano preocupado em melhorar sempre”.
A Toyota não fala em indústria 4.0. Fala em KAIZEN. Investir onde achar necessário. Principalmente no seu pessoal, treinado para eliminar o desperdício, onde quer que esteja.
Relatório Anual Toyota 2018:
https://www.toyota-global.com/pages/contents/investors/ir_library/annual/pdf/2018/annual_report_2018_fie.pdf
Evolução das montadoras:
(https://www.youtube.com/watch?v=OT5kjcrb9MY)
(https://www.youtube.com/watch?v=vudqr4gxRoM)
Dário Yanagita* – d.yanagita@br.honsha.org
*Dário possui 30 anos de experiência em indústria automobilística no Brasil, dos quais 15 anos trabalhando na Toyota do Brasil. Possui especialidade variada, de usinagem, montagem, logística, qualidade e meio ambiente. Implementou linhas de produção Lean, programas Kaizen, geriu planos de desenvolvimento de equipes e transformação Lean em empresas.
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